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Estação da Juventude - Curso de Inglês - Teacher J.B.

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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Dona Graça se foi

Acabou de ser confirmado o falecimento de Dona Maria das Graças Reis. Dona Graça como é conhecida, foi a maior líder Comunitária da História de Cidade Tiradentes. Em 25 anos de luta, ela enfrentou políticos, adversários e invejosos...trazendo dignidade, respeito e reconhecimento para o povo carente de Cidade Tiradentes. Chamava seus funcionários de filhos e os tratava com o mais puro amor de mãe. Após uma intensa luta pela vida, a guerreira cansou . Hoje,18/02/2012, a Ação Comunitária Tiradentes está de luto. Que Deus conforte o coração de seus parentes diretos, filhos, netos , irmãos...e que nós possamos continuar o maravilhoso trabalho social pelo qual ela dedicou sua vida. Descanse em paz MÃEZINHA!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Time to remember - Hora de recordar









Foi um dia inesquecível. Acordei cedo , como de costume , e fui ao prédio do Flávio Ceppa . Havíamos combinado chegar juntos no C.J. para acompanhar os jovens no passeio. Pouco tempo depois chegou a Kathleen que estava aguardando a Suziane , que mora no mesmo prédio do Ceppa. Aos poucos foram chegando outros jovens, parecia até que combinaram. Chegamos na Estação da juventude . Os dois ônibus da sub-prefeitura já estavam na espera , aguardando os atrasados. O André dividiu os jovens em turmas identificadas por um crachá. Cada turma tinha uma cor de crachá e pra cada cor um educador. Eu fiquei com a galerinha Azul. Embarcamos a alimentação e os refrigerantes. Revistamos bolsas e sacolas dos jovens ( teve uma " engraçadinha " que queria levar uma garrafa de vinho )... devido a esse incidente , foi preciso "dar um sermão" na galera antes de entrarmos nos ônibus. Apesar de avisarmos que era necessário a apresentação do documento de identidade para entrar no ônibus, muitos "esquecidinhos" tiveram que correr para não ficar fora do passeio. O Luan , um dos esquecidos, chegou no exato momento que o motorista ligou o ônibus. Foi por muito pouco! Depois que conferi todos os nomes e autorizei a saída , abandonei minha turma e fugi para o outro ônibus, onde estava minha "namorada" Ingrid. Eu não ia deixar a garota sozinha , né?
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A animação começou no percurso de ida. Os jovens cantavam , gritavam, improvisavam rimas engraçadas . Parecia que tinham a consciência de que esse seria o último grande passeio do ano. Queriam aproveitar cada minuto. Tiraram muitas fotos e deram muitas risadas. Quando se aproximou o lindo Estádio do Corinthians a galera entrou em extase. Uma enorme bandeira da torcida Gaviões da fiel Tiradentes surgiu do nada ( obra da fanática torcedora Erica )e cobriu boa parte do ônibus. Uma intensa , mas respeitosa , discussão sobre futebol começou , mas foi logo abafada pela gritaria da galera. Apesar de toda agitação interna , nenhum jovem quebrou as regras determinadas por nós educadores. Ninguém colocou a cabeça, mão ou bunda pra fora da janela. Ninguém provocou os pedestres. Todos só pensavam na possibilidade de entrarem na piscina. Mas estava chegando , e a angústia logo teria fim. Antes de descermos do ônibus , a Fani ;que estava no outro ônibus , ligou para o André. Ela queria saber se eu havia perdido minhas chaves. Caraca! Eu costumo deixar a chave pendurada no pescoço...mas dessa vez pisei na bola. Ainda bem que os jovens reconheceram e informaram a Fanny que era minha.

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A chegada

Chegamos no Parque ecológico um pouco atrasados para realizarmos a trilha e fomos recepcionados por alguns coatis que se escondiam embaixo de alguns carros. Sem nenhuma timidez eles ficaram encarando a gente , mexendo o nariz farejando alimentos. Algumas belas fotos foram tiradas desse momento mágico. Pegamos nossas mochilas e pertence e fomos direto para o Quiosque número cinco. No caminho eu e o André fomos advertidos sobre os coatis e animais silvestres que constantemente se aproximavam para buscar alimentos. A ordem era não dar comida aos animais nem provocar nenhuma agressão aos mesmos. Muito compreensível , afinal nós éramos os invasores. Rapidamente os jovens abandonaram as mochilas e foram se trocar no banheiro. Falando nisso, que banheiro imundo hein? E completamente aberto! As portas não fechavam e os coatis tinham livre acesso. Quanta emoção!

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UFC ao vivo

Enquanto aguardávamos o início das atividades , o professor Ceppa e o jovem Sidney, presidente de classe do grupo de Inglês, resolveram dar uma demostração de defesa e ataque do MMA...um estilo de luta que envolve técnicas de diversas modalidades de defesa pessoal. Foi um show a parte. Quem desconhecia os movimentos da luta, como eu, poderia achar que tava pintando um clima entre eles. Era um tal de agarra agarra, pega aqui, amassa ali ... que , sei não hein? No final prevaleceu a técnica mais aprimorada do Ceppa que fez o Sidney desistir. As alunas do Ceppa ficaram admiradas, foi a primeira vez que viram uma exibição do professor, sem violão.

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A piscina

O momento mais esperado por todos finalmente chegou. Como a decisão de permitir ou não o uso da piscina partia dos educadores, tratei logo de autorizar minha turma a procurar a piscina. O calor estava intenso e o churrasco ia demorar a ficar pronto. Alguns jovens preferiram jogar volêy , outros escolheram fazer uma trilha de bicicleta, outros escolheram jogar futebol, alguns quiseram apenas admirar a paisagem, mais a maioria preferiu procurar a piscina. Descobriram que antes de entrar na água era preciso fazer uma avaliação médica e, caso aprovados, receberiam um carimbo na mão. A fila para o exame médico foi crescendo e crescendo...a ansiedade de entrar na água também. O André acompanhou a primeira turma e fiscalizou tudo para que ninguém perdesse a linha. A piscina não estava muito cheia, afinal era início de semana e o Parque estava praticamente vazio. Eram duas piscinas abertas ao público. A primeira, bem na entrada do complexo aquático era bem rasa e permitia até quem não sabe nadar, se divertir. A outra era bastante funda e um pouco mais arriscada, por isso quatro salva-vidas do corpo de bombeiros estavam lá para garantir a integridade física dois jovens. A galera não teve dúvidas...foram todos para piscina mais funda e a alegria começou. Meninos e meninas se misturaram dentro d'agua. As fotos tiradas dentro da piscina não deixam dúvidas de que todos estavam se divertindo muito...alguns até demais né Welico e Boena? Mas se não fosse a presença dos bombeiros , alguns jovens teriam se complicado. Os bombeiros evitaram dois afogamentos de jovens que exageraram na dose.
Depois de preparar o churrasco e de jogar um futebolzinho com o Yuri , decidi acompanhar alguns jovens até a piscina e registrei minha presença tirando uma foto com eles.

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O churrasco

Muita carne! Muita carne mesmo! No entanto um erro de cálculo fez com que uma pequena bagunça se formasse na espera do rango. A churrasqueira era pequena e não deu conta de tanta gente esfomeada. A diversão na piscina deixou a galerinha exausta e faminta , provocando uma aglomeração e um pequeno stress na hora do almoço. Houve empurra empurra e reclamações. Numa atitude infeliz , um dos jovens jogou no lixo toda a bandeja de vinagrete e outro jogou na lixeira do Parque um espetinho completo. O resultado dessa imprudência foi a invasão dos coatis no Quiosque. Eles tem um faro incrível na busca de alimentos. Mas tudo foi contornado com bom humor. Eu descobri que meus gritos afastavam os coatis. Toda vez que eles se aproximavam eu gritava " Naaaãoo!!!" ... e eles partiam em retirada. Era muito engraçado! No final das contas , todos comeram e muito bem...inclusive os coatis.

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Bicicleta e pedalinho

A vista do parque era maravilhosa! Muito verde, muita água , muita natureza. Depois de se fartarem de comer os jovens procuraram meios de se distrair enquanto descansavam da refeição. Alguns escolheram tirar fotos de tudo e de todos. Fotografaram a mata, os coatis, os macacos...Tiraram fotos na grama, nos bancos , em cima das árvores. Até quem não gosta de aparecer em fotos foi fotografado. Outros preferiram algo mais radical e descobriram o aluguel de bicicletas e pedalinho. O professor Ceppa e alguns alunos encararam uma trilha enquanto outros jovens se divertiam no pedalinho . Quando já estavam bem descansados, voltaram pra piscina.

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A despedida

O tempo começava a mudar e o anúncio de chuva nos fez antecipar a volta. Os jovens ainda estavam na piscina se divertindo quando decidimos acender a churrasqueira novamente e acelerar o lanche da tarde. Quando muitos espetos estavam prontos resolvemos chamar os jovens. Todos se apressaram e colaboraram para que não pegássemos a chuva. E tudo deu certo. enquanto alguns comiam , outros se arrumavam. Eram 16:30 quando nos dirigimos aos ônibus. Era possível notar em cada jovem , apesar do cansaçõ, o gostinho saudoso de "quero mais". Foi sem dúvida o melhor passeio de 2011. Ficou provado que, quando todos colaboram, tudo dá certo.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Homenagem á Cidade Tiradentes

Medo.
O primeiro sentimento.
E não podia ser diferente. O bairro pobre,recheado de pequenos prédios populares e casas mal acabadas, sempre esteve associado a violência e as drogas.
Cheguei como se fosse enviado a guerra...; temeroso, despreparado e ansioso por enfrentar o pesadelo. Mas calma lá...que pesadelo?
Vi crianças jogando futebol na rua...correndo atrás das pipas..., vi jovens andando de patins, bicicletas ...namorando...; vi mulheres andando livremente e homens normais , empregados e desempregados, bêbados e sóbrios ...nada que me fizesse temer ...nada que me fizesse tremer.
Passaram-se os anos e a tão propagada violência de Cidade Tiradentes não se fêz presente no meu dia-a-dia. Soube de casos isolados envolvendo pessoas que optaram pelo caminho torto, obscuro e sem futuro. Que se tornaram vítimas do ' acerto de contas " ...mas como eu nunca tive contas a acertar com esse tipo de gente , as drogas e a violência oriunda delas nunca me atingiram. Ouvi a respeito de um tal " maníaco do parque, ouvi sobre um grupo de extermínio em Guarulhos, li sobre uma quadrilha de " poliginais " ( mistura nojenta de policiais com marginais ) que oprimiram moradores da Favela Naval em Diadema. Tudo longe...muito longe daqui.
Foi a partir daí que surgiu minha indignação e as perguntas que não querem calar. Por que?
Por que tanta hipocrisia?
Por que?
Por que tanto preconceito?
Por que?
Por que tornar invisível uma cidade tão grande?
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Esses questionamentos fizeram nascer em mim um incontrolável desejo de mudar.
Mudar?
Sim...mudar. Não da Cidade Tiradentes e sim a Cidade Tiradentes. E assim foi.
Parafraseando o mártir que deu a vida pela liberdade : " Se todos quisermos poderemos fazer da Tiradentes uma grande Cidade."
Lutei pra ser reconhecido como cidadão , e vi as mudanças acontecerem.
Nosso velho terminal " a céu aberto " foi reformado e informatizado deixando de ser grotesco para se tornar " inteligente".
Nossos jovens , antes excluídos , passaram a enxergar o mundo com outros olhos...os olhos digitais , em um mundo cada vez mais virtual. Computação. Tele Marketing. Escola Técnica. Inglês. Cidadania. Dignidade. Nós existimos.com.br.
Escolas informatizadas,ruas arborizadas, praças de lazer,pistas de skate, quadras de esportes,centros da Juventude, hospital...
Quantas conquistas! Mas ainda falta muito.
No começo do texto me comparei a um soldado medroso enviado á guerra. Pois bem...a guerra é real. Mas a guerra que nós moradores de Cidade Tiradentes travamos no dia-a-dia não é apenas contra a violência...mas também contra toda forma de preconceito, exclusão e desrespeito.
O lado bom é que descobri que não estou sozinho. Faço parte de um vigoroso exército de mais de 250.000 soldados do bem, que conhecem seus direitos e responsabilidades, um exército que sabe que a batalha é árdua e longa , mas a vitória é certa.
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Minha empolgação me fez cometer a indelicadeza de não me apresentar...afinal são tantas emoções! Me perdoem.
Meu nome é Cidadão. Meu sobrenome ? Dignidade.
Moro na Rua respeito é bom s/n° - Cidade Nova Tiradentes - São Paulo - Brasil